Por André Freyesleben Ferreira
Empresário, viajante e cidadão do mundo

Escrever sobre turismo, enseja um desafio de conectar diferentes aptidões de uma região, neste caso, a Região Serrana de Santa Catarina! Um Estado de reconhecida excelência produtiva a nível nacional e com muitos desafios no setor turístico, desafios estes, diga-se, de clima e infraestrutura que são vencidos com muita bravura! Seja no extenso litoral com quase 560 km de extensão, onde há uma biodiversidade premiada pelo encontro do clima e das águas frias e quentes (as baleias francas que o digam, pois vem dar luz e amamentar seus filhotes aqui), até nas montanhas por vezes recobertas com neve e o Oeste com sua agricultura em modernização, a indústria metal mecânica e toda a capacidade produtiva deste pedaço multicultural do Brasil. Somos tão criativos, que fazemos turismo até na tecnologia, misturando robôs e empresas de TI com pirão de nylon e tainha em Florianópolis.



Por falar em desafio, era comum nas edições de inverno da revista Quatro Rodas, dedicar várias páginas ao “Passeio na Rota do Frio” (ed.131 de Junho de 1971). O texto de José Roberto Penna assim descrevia a aventura do turismo naquela época: – “Se você vem do Rio ou São Paulo pela BR-116, alcançará São Joaquim saindo de Lages por uma estradinha de terra, mal conservada e cheia de buracos…A cidade é muito pequena e simples, entre pomares de macieiras e ameixeiras. Seu melhor hotel, o Nevada, não tem aquecimento central, o que não impede os turistas de procurá-lo quando o inverno vai ficando mais forte: o sacrifício é compensado quando cai a primeira neve e todos saem à rua para sentir de perto a emoção do frio. Há então, batalhas com bolas de neve e caravanas de automóveis seguem para o Vale das Neves”….(o texto continua com belos relatos da região).



Décadas se passaram, e o quadro descrito acima ainda acontece, com relativas melhorias na infraestrutura! Porém, e aqui cabe destacar, graças ao empreendedorismo e dedicação dos empresários que vislumbraram o potencial da Região Serrana Catarinense! Desde os primeiros hotéis fazenda de Lages e as pousadas de Urubici, que lutando contra o desafio da sazonalidade, da falta de infraestrutura regional e de quase nenhum incentivo governamental, estão até hoje resistindo bravamente e levando o turismo serrano “nas costas”! Aliados a eles, atualmente a Serra Catarinense vê acontecer um “boom imobiliário” surpreendente. Afloram empreendimentos no setor turístico como: pousadas, restaurantes, cervejarias, vinícolas, atrativos turísticos, paradouros na beira das estradas, parques, equipamentos turísticos, pousadas, parques, hotéis fazenda. A infraestrutura oferecida pelo Estado é tacanha, mas o empresariado local está aos poucos, qualificando e inovando no uso dos recursos turísticos.



Urubici é um exemplo! A região, dotada de belezas naturais inigualáveis, enfrenta o desafio de dar acessibilidade aos seus atrativos e ao mesmo tempo preservando-os. Neste sentido, merece abrir seu planejamento as sugestões e bons exemplos e práticas que deram certo em outras regiões do Planeta. Urupema, Lages, Bom Retiro, Rio Rufino, São Joaquim, Bom Jardim da Serra e demais cidades, devem seguir o mesmo caminho.



Incentivar o turismo local e batalhar pelas obras estruturantes do turismo regional. Um aeroporto de excelência, estradas de qualidade, linhas férreas (porque não?) – pois já existe uma subutilizada na Coxilha Rica!!!



Transformar a rodovia federal, BR-282, em uma rodovia cênica exemplar aos moldes das rotas cênicas americanas e europeias! (posição defendida por este que vos escreve desde a década de 80). Aliado a infraestrutura macrorregional, os poderes locais devem incentivar, desburocratizar e não atrapalhar o empreendedorismo local. Medidas tais como padrões mínimos de higiene e conforto devem ser exigidos, mas não ao ponto de afetar o tradicionalismo e as peculiaridades locais. Não tem cabimento a vigilância sanitária exigir a substituição de um piso centenário de madeira por um piso cerâmico em imóvel histórico! E isso acontece! Os turistas perguntam abismados: – Mas porque não fazem como na Europa? Então, senhores políticos dos poderes locais, vamos botar a mão na massa incentivando os empreendedores locais?

Foto Destaque Slide Show: Canion do Espraiado – Urubici – Foto Dario Lins – Eco Trilhas Serra Catarinense