Por Paulo Chagas

As Indicações Geográficas (IGs) nos levam a produtos intimamente relacionados com o território e as pessoas. Mais do que produtos, refletem vidas e patrimônios. Elementos que também valorizam as indústrias de pequeno porte nos rincões do país. Literalmente, fazem parte da redescoberta dos patrimônios escondidos de brasileiros, e que são revelados em produtos com certificados de origem e identidade que distinguem produtos nacionalmente.

Para definir com exatidão, a Indicação Geográfica (IG) identifica um produto ou serviço como originário de um local, quando determinada reputação, característica e qualidade que possam lhe ser vinculadas essencialmente à sua origem geográfica. As IGs que abrangem os estados do Sul do país, apoiam não somente a geração de valor aos produtos e serviços, como também, a valorização do local e estímulo a novos negócios.

As identificações originais de produtos regionais, também influenciam no estímulo ao turismo inclusivo e sustentável. O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (Sebrae/SC), contribui diretamente no desenvolvimento de um turismo gastronômico baseado nas IGs do estado. Isso é possível através de uma estratégia baseada nos princípios teórico-metodológicos da Cesta de Bens e Serviços Territoriais, que conecta roteiros, artesanatos, bebidas e demais serviços e produtos da agrobiodiversidade catarinense.

O trabalho é desenvolvido em parceria com associações de produtores, Governo do Estado de Santa Catarina, entidades empresariais, MAPA, EPAGRI, EMBRAPA, UFSC, Prefeituras Municipais, dentre outras.

Indicações Geográficas de Santa Catarina

O trabalho mais recente envolve um produto tradicional da mesa do brasileiro, o Alho, que nos municípios de Brunópolis, Curitibanos, Caçador, Monte Carlos, Frei Rogério, Fraiburgo e Lebon Regis é produzido por mais de 700 famílias, e dada a sua coloração característica, é conhecido como Alho Roxo do Planalto Catarinense. Esse produto singular é um trabalho de mais de 50 anos de cultivo e seleção por instituições e produtores rurais familiares da região.

Atualmente Santa Catarina possui sete registros de Indicações Geográficas:

  • Vales da Uva Goethe, para vinhos e espumantes de Uva Goethe;
  • Banana da Região de Corupá;
  • Campos de Cima da Serra, para o Queijo Artesanal Serrano Brasileiro (que envolve os estados de SC e RS);
  • Mel de Melato de Bracatinga do Planalto Sul Brasileiro (que envolve os estados do PR, SC e RS);
  • Maçã Fuji da Região de São Joaquim;
  • Vinhos de Altitude de Santa Catarina;
  • Erva-mate do Planalto Norte Catarinense.

Primeiro registro de IG em SC


A primeira IG registrada em Santa Catarina foi a dos Vales da Uva Goethe, seguida pela Banana da Região de Corupá e pela Campos de Cima da Serra para Queijo Artesanal Serrano. No dia 29 de junho de 2021, obteve registro a IG Vinhos de Altitude de Santa Catarina, na modalidade Indicação de Procedência (IP) e no dia 20 de julho o estado conquistou a IG do Mel de Melato da Bracatinga na categoria Denominação de Origem (DO). A maçã Fuji da Região de São Joaquim é a sexta Indicação Geográfica (IG) conquistada por Santa Catarina. O registro foi anunciado em 3 de agosto de 2021.

Ostras de Floripa, Camarão Laguna, Linguiça Blumenau, Cachaça de Luiz Alves e Banana de Luiz Alves estão entre as Indicações Geográficas em fase de construção pelo Sebrae/SC.

Crédito Fotos: Argus, Acervo Associação Vale da Uva Goethe, Aires Mariga (Epagri), Wagner Urbano e Acervo Mel São Braz