Guilherme Goss é turismólogo, travel writer e diretor da Reisen Turismo. Iniciou suas histórias com as viagens aos 17 anos, e desde então já visitou 65 países. Muito bem acompanhado da esposa e da filha, ele garante: sua melhor viagem é sempre a próxima.

Guilherme Goss, o Viajante Inveterado

R.E: Sua paixão pelas viagens vem de muito cedo, como foi quando resolveu embarcar para Alemanha? E o apoio da família e amigos?

G.G: Costumo dizer que o meu interesse pelo mundo veio bem antes da minha primeira viagem internacional. Desde muito pequeno eu colecionava moedas, cédulas e selos do mundo todo. Depois veio o interesse pelos idiomas e aos 17 eu já falava bem o inglês e o espanhol.

A escolha da Alemanha surgiu a partir da vontade de aprender um novo idioma, e de conhecer uma nova cultura.
Eu era um menino de 17 anos, nascido e criado em Tupã-SP, uma cidade de 65 mil habitantes, disposto a encarar uma aventura em busca de um mundo desconhecido, em um tempo que não existiam smartphones e aplicativos.
Apesar disso, minha família apoiou e incentivou a minha decisão.

Viver e estudar em Berlim foi uma das experiências mais incríveis que vivi até hoje. Já voltei algumas vezes, sou apaixonado pela cidade e ainda mantenho os laços com a minha família hospedeira.
A propósito, foi durante esse intercâmbio que decidi que iria estudar turismo quando voltasse ao Brasil.

R.E: Falando em família, hoje você viaja com sua esposa e filha, como foi o início desta aventura? Elas sempre acompanharam?

G.G: A Miccaela e eu sempre concordamos que a Lavínia deveria adaptar-se ao nosso estilo de vida e não o contrário. Afinal, se há crianças em todos os cantos do mundo, seria perfeitamente possível leva-la conosco em segurança.
A primeira viagem da Lavínia foi comprada antes mesmo de ela nascer – tive que inventar uma data de nascimento e alterar depois!

Assim, fizemos uma travessia de navio de 20 dias, de Santos a Miami, com escalas no nordeste e em sete ilhas caribenhas. Ela tinha apenas quatro meses e se comportou muito bem durante toda a viagem.
Desde então, sempre viajamos juntos!
R.E: Você comenta no blog sobre o sonho de escrever um livro. Você está trabalhando neste projeto? E qual será a sua abordagem?

G.G: Sempre gostei de ler relatos de viagem. Por isso, em minhas viagens – mesmo antes de o blog existir –, eu cultivava o hábito de escrever um diário de bordo.
Posteriormente, alguns diários viraram posts e vídeos do Viajante Inveterado. Mas ainda tenho muito material guardado.
No momento não estou desenvolvendo esse projeto, mas com certeza será um livro com muitos relatos curiosos que vivi pelo mundo afora.

Miccaela, Guilherme e a filha Lavinia

R.E: Com tantas viagens no currículo, você deve acumular muitas histórias. Se pudesse nomear o acontecimento mais estranho que já viveu, qual seria?

G.G: São tantas histórias curiosas que várias delas estão publicadas no YouTube. Os acontecimentos vão desde comidas exóticas, golpes, perrengues e problemas com a polícia.
É difícil eleger apenas um, mas fico com o episódio em que comi coração de cobra no Vietnã. No meu pensamento, eu comeria o coração assado em um prato, assim como comemos coração de galinha por aqui. Mas o que acontece por lá é bem diferente.
Nas proximidades de Hanói, a capital vietnamita, há um local chamado Snake Village. Trata-se de um vilarejo que concentra restaurantes que criam cobras e outros bichos para o consumo. Eu fui até lá para comer o tal coração de cobra e confesso que quase desisti depois de conhecer o procedimento. Primeiro, com a cobra ainda viva, eles fizeram uma incisão e puxaram o coração pulsando pra fora. Depois, pediram para eu me aproximar e comê-lo. Nesse momento eu hesitei, mas fui em frente. Mordi o coração da cobra, mastiguei e engoli. Enquanto isso, eles colocaram o sangue que saía da artéria em um copinho de dose. Em seguida, fizeram outra incisão para extrair a bile e a colocaram em outro copinho. A cada copo acrescentaram um pouquinho de cachaça de arroz e me serviram. Tomei coragem e virei os dois copos, conforme fui instruído. Para encerrar a aventura gastronômica, pedi rolinhos de carne cobra que, servidos fritos, estavam uma delícia!

R.E: Muitas pessoas também nutrem este sonho de poder viajar pelo mundo. Qual seria sua dica para os iniciantes?
G.G: A dica é simples: comece a planejar e coloque o pé na estrada o quanto antes! Mas, para isso realmente acontecer é preciso estabelecer a viagem como prioridade. Essa é a palavra chave. Não é preciso muito dinheiro, nem companhia para viajar. Digo isso por experiência própria. Eu comecei mochilando sozinho pelo mundo e essa é uma das formas mais incríveis de viajar e de se conectar com as pessoas.

R.E: Hoje o viajante inveterado conta com várias plataformas, como youtube, blog, redes sociais. E você que cuida de todos os canais? Como é seu dia a dia de programação para trazer conteúdo a quem te acompanha?
G.G: A Miccaela e eu dividimos o trabalho. Ela cuida do Instagram, enquanto eu me concentro no blog (que está prestes a ganhar uma cara nova) e no YouTube.
No Instagram tem coisa nova todo dia (seja post ou stories). Já no blog e no YouTube a publicação é semanal.
Ultimamente, devido à pandemia, nosso conteúdo se voltou para Balneário Camboriú e região. Começamos a explorar melhor esse nicho e temos um retorno muito positivo.

Miccaela, Guilherme e a filha Lavinia

R.E: A pandemia afetou diversos setores, como foi a adaptação do seu trabalho tratando-se de turismo?

G.G: O turismo é uma atividade extremamente sensível. Foi a primeira a sentir os efeitos e será a última a se recuperar.
Na nossa agência, o carro-chefe sempre foi o turismo internacional, com foco para destinos como Orlando, Cancún, Punta Cana, Buenos Aires e alguns países da Europa. A pandemia nos fez frear as vendas até o mercado se restabelecer e voltamos os olhos para o turismo nacional.
No Viajante Inveterado já vínhamos concentrando as publicações na região de Balneário Camboriú e, com a pandemia, desenvolvemos alguns projetos ainda mais focados nesse destino.

R.E: Falando em Serra Catarinense, tem algum local que está na rota de viagens de vocês?

G.G: Com certeza! Temos um roteiro prontinho com pernoites em Bom Jardim da Serra, Urubici e São Joaquim e estamos loucos para tirá-lo do papel.

Canais:
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blog: https://www.viajanteinveterado.com.br
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCZovLBMSSvhybOpq-L3kWpw